“Quem controla o passado controla o futuro; quem controla o presente controla o passado” (George Orwell, 1984, Companhia das Letras, pág. 47)
Qual controle temos do que está por vir? Lendo 1984, publicado em 1949 e vivíssimo em 2020. Uma realidade futura inspirada em fatos presentes que provoca verdadeiras viagens mentais. E se escrevêssemos, hoje, um romance que se passa em 2055, tal qual os 35 anos de diferença da publicação de George Orwell para o ano título? O que veríamos? Colonização do espaço? Contatos com outras espécies? Matérias primas de outros planetas?
Dá um certo otimismo pensar que as chances de acompanhar tudo isso crescem a cada ano conforme o avanço da tecnologia. E que o ser humano viverá cada vez mais (li recentemente que os 60 serão os novos 30!). Não duvido de nada e sinto que, levando em conta o crescimento exponencial de tudo o que estamos vendo hoje, teremos realmente épocas de grande abundância, conforme palavras do Peter Diamandis. Por outro lado, teremos que lidar com o risco de escassez de recursos. Segundo a ONU, por exemplo, em 2050 metade das quase 10 bilhões de pessoas que teremos no mundo poderão ter problemas com falta d’água.
Imagino, também, uma interação enorme com drones e robôs, inclusive já se analisa como faremos upload do nosso cérebro para o corpo de um robô. Impressionante! Seria uma espécie de vida eterna, onde ficaríamos conectados mentalmente ao lado de todos os nossos entes queridos, só haveria morte do corpo. Imagina conversar com hologramas? Isso sem contar as infinitas descobertas de programação genética (que, inclusive, deve virar um novo cargo), com possibilidades de criação de super bebês…
É projetado também um envelhecimento da população e uma mistura desafiadora de gerações, até todos serem efetivamente nativos digitais. Essa existência singular, mix de homem e máquina, seguramente traz inúmeros desafios para a economia e o mercado de trabalho. Impressoras 3D vão produzir qualquer coisa em qualquer lugar, ou seja, muda toda manufatura. Estamos passando por uma redefinição incrível de formas de relacionamento e aprendizado.
Mas não vamos esquecer do passado! O legado do passado é conteúdo, é experiência vivida, é matéria prima para o legado que queiramos deixar no futuro. A nostalgia é legítima, na medida que nos dá cada vez mais confiança e segurança no presente, características fundamentais frente à um cenário onde a única certeza que temos é que tudo muda e que estamos eternamente submetidos à uma certa força do destino.
E você? Como imagina o futuro? Que legado você quer deixar?